quarta-feira, 17 de junho de 2009

Este texto já tem algum tempo, mas agora vejo-o com outros olhos...

Lembras-te daquelas tardes de Outono em que me vias olhar para a menina da mercearia. Como era bela, com aqueles olhos cor de mel, toda ela era ternura, e a delicadeza com que tocava na pêssegos e nas maças….sabes, eu tremia quando a via, parecia que estava alguém a arranhar esferovite. Era uma sensação única! Passava horas naquilo, nada me abalava, nem o fim da guerra do Golfo me fazia desarmar. Obsessão era o meu nome do meio. Porque que é que venderam a mercearia, hum? Capitalistas merdosos! No dia em que ela partiu, chorei como um recém-nascido, e não conseguia imaginar que nunca mais poderia vislumbrar aquela face desenhada a lápis de cor. Édipo seria um felizardo perto de mim. Mas sei porquê, algo me dizia que voltaria a encontrá-la, nem que fosse no sítio mais recôndito do mundo. A minha vida tinha inevitavelmente de seguir um rumo. Comprei um mapa com todas as mercearias da região, e com a minha pasteleira ye-ye meti-me à estrada. Só a minha retina a podia identificar, pois nem o nome dela sabia...

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