domingo, 6 de dezembro de 2009

Enquanto ando aqui às voltas com o relatório final da licenciatura, tudo são razões para distracção, mas há razões e razões, e esta que passo a descrever tem um grande carácter simbólico:
- passava-se o ano de 1998, tinha os meus catorze anos, preparava-me para ir para a escola secundária, e havia uma banda de uns rapazes mais velhos que era bastante conhecida e que eu já acompanhava desde os 12...Lembro-me de pedir autorização e uma cedênciazinha monetária à minha mãe para ir ver essa tal banda no designado Liceu de Faro. Lembro-me que não havia espaço para um caracol, mas guardo essa noite no meu pote de bonitas memórias, que cada vez que me recordo dá-me aquele travo nostálgico difícil de explicar. Há uns dias atrás, remexia eu numa gaveta que me acompanha sempre nas mudanças de poiso, e na minha colecção de bilhetes, que guardo religiosamente, encontro um bilhete de uma Rave Rock, no Liceu de Faro, em 1998. Pensei: fogo já passaram 11 ANOS, e esbocei um leve sorriso, que só se tornou de orelha a orelha quando hoje precisamente no meio de uma pesquisa encontro esta relíquia. É certo que a qualidade do som não é boa, mas dá para reviver os momentos que vivi a ouvir a tal banda, que tinha por nome....Melomenoritmica. Bem haja a quem tinha este tesourinho!



P.S. - Alegria Virtual, sempre foi a minha música preferida.....
FACAS NAS GALINHAS

Estreia no próximo dia 11 de Novembro, nos Recreios da Amadora, a peça "Facas nas galinhas", apresentada pelo Teatro do Aloes.

A peça pode ser vista de Terça a Sábado, às 21.30 h. e Domingos às 16 horas, até 29 de Novembro..

Diz o autor David Harrower sobre a peça:

"A história inicial parte do que passei a saber sobre os moleiros. Os moleiros na Escócia eram muitas vezes postos de parte pela comunidade porque, como se diz no texto, existia uma lei que concedia ao moleiro uma percentagem da farinha que lhe era mandado moer. Os camponeses suavam o trabalho para conseguir o milho e o moleiro assobiava enquanto a mó trabalhava. E ainda por cima tinha direito a uma percentagem do suor do camponês. Inventei então a história de uma rapariga que, de cada vez que vai ao moinho, mais se apaixona pelo moleiro. Esta era aliás uma história que nasceu na minha "peça zangada" em parte contada por uma personagem a outra. A história era boa e eu achei que não a devia desperdiçar.

Escrevi então Facas nas Galinhas antes de mais como uma peça radiofónica em que apenas esta história era contada. Quando parti para a peça, comecei a imaginar como seria viver num mundo onde só se tivesse certas palavras para certas coisas. Céu era céu e não era mais nada. Se o céu está escuro, então diz-se chuva. Não há advérbios, palavras que descrevam. Inventei uma língua, as personagens falam como se tivessem acabado de aprender a falar. Foi aqui que apareceu o outro elemento de Facas nas Galinhas. Passou a ser uma história tanto sobre o crime e o amor como uma história sobre a linguagem. A peça ganhou uma dimensão metafísica que antes não tinha e passei a ser eu a decidir o que acontecia naquele mundo. Fui encontrando as personagens à medida que elas iam falando. Elas são aquele momento, nascem da linguagem.”


Ficha Artística

Facas nas galinhas de David Harrower, tradução de Paulo Eduardo Carvalho

Interpretação:
Jovem Mulher - Carla Galvão
O moleiro Gilbert Horn - Jorge Silva
O lavrador Ponei William - Luis Barros

Encenação: José Peixoto

Cenografia e Figurinos: Ana Paula Rocha

Desenho de Luz: Carlos Gonçalves

Desenho de Som: Audio In ( Com coordenação de Maria Camões e João de Brito)

Assistência de encenação e Coordenação do Jornal dos Aloés : João de Brito e Maria Camões

Produção: Teatro dos Aloés

Produção executiva: Gislaine Tadwald

Fotografias: Margarida Dias

Design Gráfico : Rui Pereira

Carpintaria: Duarte Capucho

Costureira: Lurdes Antunes