quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

A
Que paz. A Dora costumava dizer nos dias em que eu não tinha ganho o suficiente, tu e a tua harpa! Mais valia andares de gatas com as medalhas do teu pai pregadas no cu e um mealheiro pendurado no pescoço. Tu e tua harpa! Quem é que pensas que és? E obrigava-me a dormir no chão. Quem é que eu pensava que era...Ah isso...nunca fui capaz de....nunca fui capaz...Se escutasse o tempo suficiente, ouvia uma corda a ceder.

B
A tua harpa?. Que história é essa da harpa?

A
Dantes tinha uma harpazinha. Cale-se e deixe-me escutar.

B
Vai ficar muito tempo assim?

A
Fico horas à escuta de todos os barulhos.


Grande escritor do século XX

SAMUEL BECKETT