A minha primeira crítica:
3 Estrelas
Não é fácil o amor. Nada fácil mesmo, menos ainda para um casal de meios-irmãos, na antecâmara do delirio à beira do abismo moral, atazanados por um pai omnipresente e um incómodo pendura que não se sabe bem ao que anda, mas ainda assim perturba. Loucos por Amor, de Sam Shepard(n.1943), é, em Portugal, com cinco encenações anteriores a esta versão, sem dúvida a mais representada obra do dramaturgo, escritor, poeta, argumentista, actor, músico e ocasionalmente encenador e realizador americano. Como todas as suas peças, Shepard usa o paradoxo de colocar as suas personagens, quase sempre vaqueiros formados na vastidão solitária das planicies e galdérias sem freio doméstico e libido exaltada, confinadas a ambientes claustrofóbicos, como oprimidos que lutam por um poder mesquinho de dominação do outro em nome da paixão descabelada. Assim é em Loucos por Amor, onde, sobre uma cena montada como um ringue ou uma mais apocalíptica arena estilo Mad Max, se desenrola o drama da triste e violenta e apaixonada história dos amores de Eddie e May, que João de Brito e Cheila Lima interpretam com desembaraço, na companhia de Carlos Malvarez e Tiago Nogueira, dirigidos por Paulo Alexandre Lage, que compreendeu a importância do texto e não o afoga em artifícios escusados.
Rui Monteiro (Time Out)
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